A artista já produziu mais de mil obras em 59 anos de carreira
A profissão foi moldada por grandes nomes das artes plásticas como, Di Cavalcanti, Domenico Lazzarini, Tarsila do Amaral e Noemia Mourão
As manhãs são marcadas por uma sincronia de rituais. Assim que termina os afazeres de casa, a artista plástica itanhaense Elenir de Oliveira Teixeira, de 74 anos, se locomove até o aconchegante quarto que dá espaço a um improvisado ateliê, afinal, o dia só inicia quando a tinta começa a ganhar forma pelas mãos da senhora. São mais de mil obras pintadas a óleo sobre tela ao longo de uma carreira de 59 anos.
A profissão foi moldada por grandes nomes das artes plásticas como, Di Cavalcanti, Domenico Lazzarini, Tarsila do Amaral e Noemia Mourão. O autor literário, Oswald de Andrade, teve grande participação e foi considerado um dos pilares da carreira de Elenir. “Toda vez que leio o texto que Oswald fez me comparando a renomados artistas, fico emocionada e instigada a continuar”, conta.
Suas obras já viajaram o mundo e em 1970 foi homenageada pelo escritor Oswald de Andrade ao compará-las a grandes nomes das artes plásticas e literatura brasileira: “Fora com os preconceitos contra a gostosa arte brasileira. Nossa realidade é essa, é o cinema com ‘Macunaíma’, com ‘A hora e vez de Augusto Matraga’. É Tarsila, é Di Cavalcanti, é Mário de Andrade, é Guimarães Rosa, é Theodoro Nogueira. E hoje, também é Elenir”, reproduz a artista que há mais 40 anos se emociona ao ler o texto de Oswald de Andrade.
A casa mal comporta as 288 obras. Falta espaço para abrigar as novas pinturas que se perdem no arco-íris. Tem para todos os gostos, desde pequenas ilustrações até gigantes quadros com paisagens ao fundo.
A casa está em constante exposição. Toda vez que recebe um amigo, ele se perde com as inúmeras telas espalhadas pelo local. Costuma-se dizer: Não é uma casa que abriga o ateliê, é o ateliê que comporta a casa. “Quando recebemos visitas, os amigos dão volta a mesa para olhar as obras. Eles ficam encantados com o trabalho de Elenir”, diz o marido Alcides Teixeira, 83 anos.
Uma carreira que rendeu a artista 34 premiações e mais de 60 exposições, passando pelo Rio de Janeiro, Santos, Aracajú, Goiás, Ribeirão Preto, Goiânia. As obras também se fizeram presentes em Mônaco, Nova York, Chile e Barcelona.
Na época em que viajou o Brasil, o trabalho de Elenir ganhou notoriedade no meio artístico e acarretou mais homenagens. O jornalista e também crítico de artes, Olney Kruse, fez uma observação sobre as paisagens da pintora: “A pintura de Elenir tem gosto de terra”. Não demorou e Olney fez uma segunda colocação sobre suas telas: “As cores tristes, sóbrias, discretas de Elenir Teixeira são suas; uma invenção pessoal que esconde, sem dúvida, uma triste e tímida… Sua obra não me parece feita de sonho nem de nostalgia da infância ou seja lá o que for. Mulher nascida e criada em zona rural paulista, ela carrega consigo aquela pureza, aquela ingenuidade, aquela honestidade, aquela sinceridade que nós, os urbanos poluídos, por mil demônios humanos e físicos, já não temos há muito tempo…”.
Daí, saíram muitos outros textos de nomes como, Maura Senna Pereira e Dionísio Azevedo. Ao mostrar os depoimentos registrados numa folha de sulfite, a artista revela porque continua a pintar. “Sempre que leio os textos não me aguento de emoção”. Casada há quase 50 anos, conta que o marido sempre esteve presente nos momentos difíceis e gloriosos da vida.
“É uma terapia poder pintar. Tenho fortes dores nas costas, mas quando estou pintando elas desaparecem”, ressalta ela. “Se deixar, pinto um quadro por dia”.
Há oito anos em Itanhaém acredita ter escolhido um bom lugar para se morar. “Aqui é calmo e tranqüilo para eu pintar”. A casa onde reside é herança dos pais que por muitos anos passaram o verão na Cidade.
Veja o jornal impresso:
Fonte: Secretaria de Governo / Departamento de Comunicação Social
Prefeitura de Itanhaém